Inteligência Artificial
Música
Ex-Beatle exige proteção para artistas em meio à revolução tecnológica
Alerta para riscos da inteligência artificial na música e defende remuneração justa aos artistas
27/01/2025, 22:35
Em um apelo emocionado, Paul McCartney, lendário membro dos Beatles, criticou publicamente o uso desregulado de inteligência artificial (IA) na indústria musical. Durante entrevista à BBC, o músico de 82 anos alertou que mudanças propostas na legislação de direitos autorais do Reino Unido podem permitir que empresas de tecnologia "roubem" o trabalho de artistas, especialmente jovens talentos. "Jovens escrevem uma música linda, e ela não é deles. Qualquer um pode simplesmente roubá-la", desabafou, citando seu próprio clássico Yesterday como exemplo de criação que merece proteção.
McCartney não condena a IA por completo. Em 2023, ele e Ringo Starr usaram a tecnologia para resgatar a voz de John Lennon de uma gravação caseira de 1977, resultando na música Now and Then, lançada como o "último single dos Beatles". "A IA pode fazer coisas incríveis, mas não deve explorar criadores", afirmou, equilibrando admiração pela inovação com preocupação ética.

Imagem: bbc.com | Os Beatles: Paul McCartney, George Harrison, Ringo Starr e John Lennon, em um estúdio de gravação em Londres, em 1967
Um sistema que prejudica os pequenos
O cerne da crítica de McCartney é uma proposta do governo britânico que permitiria a empresas de IA usar obras protegidas para treinar seus modelos, a menos que os artistas se manifestem explicitamente contra. Para ele, isso cria um "Velho Oeste digital", onde gigantes da tecnologia lucram com conteúdo alheio, enquanto compositores iniciantes perdem controle sobre suas obras. Elton John, que se uniu ao ex-Beatle na causa, reforçou: "Isso dá acesso gratuito ao nosso trabalho para criar músicas competitivas contra nós mesmos".
O apelo ao governo
Dirigindo-se ao primeiro-ministro Keir Starmer, McCartney foi incisivo: "Nós somos o povo, vocês são o governo! Seu trabalho é nos proteger". Ele exigiu que a nova legislação priorize o "controle real" dos artistas sobre suas criações e garanta que royalties cheguem a quem merece, não a corporações.
O outro lado
O governo britânico afirma que está em consulta com o setor para encontrar um equilíbrio entre inovação e proteção. Um porta-voz destacou que a indústria musical é vital para a economia, mas não detalhou como resolverá o dilema da "opção de recusa", considerada inviável por críticos.
Enquanto isso, McCartney segue na linha de frente, provando que, mesmo aos 82 anos, sua voz ainda ecoa como um grito de alerta, humano, urgente e cheio de help! de seus fãs.
Fonte: BBC