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Geração Z está trocando smartphones por essa relíquia dos anos 2000?

Nostalgia e autenticidade com a Cybershot que conquista a Geração Z

16/04/2025, 16:35

Cyber Shot Y2K
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Em 2025, um fenômeno curioso tomou conta das redes sociais, festas e até mesmo salas de aula pelo Brasil. Pequenas, com poucos megapixels e até recentemente esquecidas no fundo de gavetas, as câmeras digitais que fizeram sucesso nos anos 2000 ressurgiram com força total. A Sony Cybershot, em particular, conquistou o coração da Geração Z, estabelecendo-se como item de desejo e expressão de um novo movimento estético que valoriza o imperfeito e o autêntico. 

As câmeras Cybershot da Sony estão voltando com tudo entre os jovens nascidos entre 1995 e 2010, que redescobriram o charme e a estética única das fotos dos anos 2000. Longe da perfeição algorítmica dos smartphones modernos, estas câmeras oferecem imagens ligeiramente granuladas, com flash estourado e aquele ar de espontaneidade que se perdeu na era das fotos meticulosamente editadas e filtradas. 


A redescoberta das câmeras Cybershot

O que levou jovens nascidos na era digital a se apaixonarem por dispositivos que, tecnicamente, são inferiores aos celulares que carregam no bolso? A resposta parece estar tanto na nostalgia quanto na busca por expressão autêntica. 

"Usar a mesma câmera que a minha mãe usava dá uma sensação boa de nostalgia. É uma experiência muito diferente do que no celular", explica a influenciadora Yasmin Maccari, de 20 anos, que possui quatro câmeras, sendo três do modelo Cybershot que pertenceram à sua mãe e tia. 


O imperfeito como movimento cultural

Em uma era onde cada smartphone pode transformar qualquer foto comum em uma imagem digna de revista, o visual das fotografias tiradas com Cybershot representa uma quebra na uniformidade visual das redes sociais. As cores ligeiramente saturadas, o flash que frequentemente "estoura" e a granulação sutil criam uma estética que remete aos primórdios das redes sociais e fotologs.

Num tempo em que todos os smartphones fazem fotos tecnicamente impecáveis, o visual vintage das Cybershot virou um diferencial estético. Influenciadores, tiktokers e criadores de conteúdo estão propositalmente buscando esse "look" que lembra festas antigas, fotologs, férias em família e eventos com registro espontâneo, sem edição e sem preocupação com o ângulo ideal.

Esse movimento cultural ganhou força nas redes sociais com hashtags como #digicam, #y2kaesthetic e #shotoncybershot, especialmente no TikTok. A hashtag #digitalcamera já ultrapassa 358 mil publicações, com vídeos que vão desde jovens exibindo suas câmeras recém-adquiridas até tutoriais sobre como transferir fotos para o computador.


Da proibição dos celulares à liberdade criativa

Um fator inesperado contribuiu para acelerar o retorno das câmeras digitais no Brasil: a crescente restrição ao uso de smartphones nas escolas. Com a proibição dos celulares em sala de aula, alunos criativamente resgataram as câmeras digitais como alternativa para continuar registrando momentos com amigos durante o período escolar.

Este fenômeno demonstra como limitações podem estimular soluções criativas. Ao invés de simplesmente aceitar a impossibilidade de registrar momentos, os jovens encontraram uma alternativa que, ironicamente, acabou gerando resultados mais interessantes do que as fotos convencionais de smartphone.


Celebridades e o efeito cascata da tendência

Como ocorre com muitas tendências, o impulso de celebridades e influenciadores foi fundamental para a popularização das Cybershot. Artistas internacionais como a cantora Dua Lipa e as modelos Kylie Jenner e Bella Hadid aderiram ao movimento, assim como brasileiras como Bruna Marquezine e Rafa Kalimann.

Marcas de moda como Prada, Balenciaga e Marc Jacobs captaram rapidamente a tendência e começaram a incorporar o visual digital retrô em editoriais, coleções e ativações. O que começou como um resgate nostálgico transformou-se em uma poderosa declaração estética adotada pelo mundo fashion.


A psicologia por trás do fenômeno

"O consumo nostálgico é paradoxal. Os jovens vivem online, estão conectados e dependentes da internet, mas, ao mesmo tempo, querem se salvar disso".

Tendências costumam seguir ciclos de 20 a 30 anos, o que ajuda a entender o retorno dos dispositivos retrô. Este fenômeno representa não apenas um gosto estético, mas também uma busca por experiências menos mediadas pela tecnologia atual.

O retorno das câmeras digitais não é apenas visual, ele é emocional. Ao resgatar dispositivos que fizeram parte da adolescência de muita gente, os jovens constroem uma ponte entre o "analógico digital" e o imediatismo das redes sociais atuais. É um retorno à ideia de que a fotografia pode ser registro, não performance.


O boom do mercado e oportunidades para pequenos negócios

O impacto econômico desta tendência é significativo. Segundo dados da OLX, a busca por câmeras da linha Sony Cybershot cresceu impressionantes, 563% no primeiro bimestre de 2025 em comparação ao mesmo período do ano anterior. Na Shopee, a média diária de buscas por câmeras digitais teve aumento de mais de 50% desde janeiro de 2024.

Imagem: yandex.com


Empreendedores atentos transformaram essa onda em oportunidade. Athos Souza, dono da loja Festival de Filmes Vencidos (FFV), especializada em fotografia analógica, notou que as vendas, que antes registravam uma transação semanal desse tipo de produto, passaram a ter demanda diária por câmeras digitais antigas.

Nicoly Zuliani, jovem de 21 anos, fundou a Digicamlights, loja online dedicada exclusivamente à venda de câmeras digitais antigas, após se apaixonar pelo formato em 2022. "A Digicamlights sempre foi um desejo pessoal. Vendo o que eu amo e utilizo com muita frequência", conta ela, que viu suas vendas dobrarem entre 2024 e 2025.


A valorização dos preços e o fenômeno dos "dupes"

Como consequência da alta demanda, alguns modelos tiveram valorizações extraordinárias. A Canon G7X, por exemplo, que antes custava até R$ 4 mil, hoje pode ultrapassar R$ 10 mil. Essa escalada de preços criou um mercado paralelo de alternativas mais acessíveis.



"Muitos clientes buscam alternativas mais acessíveis, os famosos 'dupes' que custam de R$ 300 a R$ 500 reais, porque a G7X se tornou bem cara".



Esse movimento demonstra que, para além do produto específico, é a experiência e a estética que os jovens buscam.


Desaceleração e autenticidade em um mundo hiperconectado

O fascínio pela imprevisibilidade das imagens contribui significativamente para esse sucesso. Diferentemente dos celulares, que permitem visualizar, editar e publicar na mesma hora, as câmeras obrigam os usuários a esperar o momento certo para capturar a cena e só depois conferir o resultado.

Esta desaceleração do processo fotográfico representa um contraponto importante ao ritmo frenético das redes sociais. "Quando vejo minhas fotos digitais, tenho memórias bem específicas sobre elas. Já quando passo pelo rolo da câmera do meu celular, eu meio que só lembro do momento e não tem nada de especial", relatou um estudante ao The New York Times.

A busca por desaceleração estética tem crescido nas redes sociais, sugerindo um movimento mais amplo de questionamento sobre nossa relação com a tecnologia e com nossas memórias. As câmeras Cybershot viraram símbolos culturais de um tempo onde a espontaneidade era mais valorizada do que a perfeição, e isso tem peso na comunicação atual.


O futuro do passado digital

Como toda tendência impulsionada pela nostalgia, surge a questão: quanto tempo durará o interesse pelas câmeras Cybershot? No entanto, diferentemente de modismos passageiros, esse movimento parece conectado a transformações mais profundas na forma como nos relacionamos com a tecnologia.

A valorização do imperfeito, do autêntico e do menos processado sugere uma busca por experiências genuínas em um mundo cada vez mais mediado por algoritmos. As Cybershot representam não apenas um retorno ao passado, mas também um possível indicador de como desejamos construir nosso futuro tecnológico: mais humano, menos perfeito e mais conectado com experiências reais.

Para marcas e criativos, essa tendência oferece lições valiosas. A estética "retro-digital" demonstra alto engajamento, e marcas que incorporam referências visuais dos anos 2000 geram identificação com públicos nostálgicos e alternativos. O movimento sugere que, por vezes, dar um passo para trás pode significar dois passos à frente em termos de conexão autêntica com o público.


O ciclo das tendências continua

A era dos pixels imperfeitos, que parecia encerrada com o avanço tecnológico, encontrou um novo capítulo nas mãos da Geração Z. E com isso, nos ensina que na cultura, como na fotografia, às vezes o que importa não é a resolução da imagem, mas a emoção que ela captura.

Talvez você mesmo tenha uma dessas relíquias digitais guardada em alguma gaveta, esperando para ganhar uma segunda vida. Se for o caso, está na hora de tirá-la do esquecimento – ela pode valer não apenas memórias, mas também um bom dinheiro no mercado atual.

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