Arte
Design
Vencedores do concurso de fotografia infravermelha 2024
A arte de revelar o invisível: Como essa técnica transforma a percepção visual em arte única.
31/01/2025, 17:05
O mundo além do espectro visível
Imagine um universo onde as folhas das árvores são brancas, o céu noturno brilha em tons surrealistas e a pele humana adquire uma textura quase etérea. Essa não é uma cena de ficção científica, mas sim o resultado da fotografia infravermelha, uma técnica que captura a luz invisível aos nossos olhos. O concurso “Life in Another Light” (ou “Vida em Outra Luz”), realizado anualmente, celebra essa forma de arte que desafia as convenções e redefine a maneira como enxergamos o mundo.
Em 2024, a competição ganhou destaque não apenas por revelar talentos extraordinários, mas também por influenciar produções cinematográficas de grande escala. Filmes como “O Irlandês”, “Não! Não Olhe!” e “Duna 2" utilizaram técnicas inspiradas nessa modalidade para criar atmosferas únicas. Neste artigo, mergulharemos nas imagens vencedoras, exploraremos o impacto cultural da fotografia infravermelha e descobriremos como ela está moldando a arte visual do século XXI.
A evolução da fotografia infravermelha: técnica e criatividade
A fotografia infravermelha não é nova — sua origem remonta às experiências com filmes sensíveis à radiação no início do século XX. No entanto, com o avanço das câmeras digitais e filtros especializados, essa técnica ganhou uma revolução moderna. Ao bloquear a luz visível e permitir apenas a passagem de comprimentos de onda acima de 700 nm, os fotógrafos revelam paisagens e retratos que parecem saídos de um sonho.
O concurso de 2024 destacou duas categorias principais: Paisagens Oníricas e Retratos do Invisível. Na primeira, o vencedor foi “Floresta de Algodão”, de Clara Mendes, que transformou uma mata europeia em um cenário coberto de neve artificial, graças ao efeito Wood (onde a clorofila reflete a luz infravermelha). Já em Retratos do Invisível, o indiano Rajiv Kapoor surpreendeu com “Além da Pele", imagem que mostra veias e padrões sanguíneos sob a epiderme, utilizando iluminação IR modificada.
Como os vencedores capturaram o invisível
Para alcançar resultados impressionantes, os fotógrafos combinam equipamentos especializados e edição criativa. Câmeras full-spectrum (modificadas para remover o filtro de bloqueio infravermelho) e lentes que minimizam hotspots (reflexos indesejados) são essenciais. Além disso, muitos participantes usam softwares como Photoshop e Capture One para ajustar contrastes e realçar tons surreais.
Um exemplo notável é a foto “Cidade Fantasma”, de Hiroshi Yamamoto, que conquistou o prêmio de Melhor Inovação Técnica. Yamamoto utilizou um drone com sensor infravermelho para capturar Tóquio sob neblina, resultando em edifícios que parecem flutuar em um mar de nuvens. Outro destaque foi “Dança das Estações”, da brasileira Ana Beatriz Rocha, que mesclou múltiplas exposições para mostrar a transição entre verão e inverno em uma única imagem.
Quando a fotografia infravermelha encontra a grande tela
A conexão entre o concurso e a indústria cinematográfica é profunda. Diretores como Roger Deakins (“Duna 2”) e Rodrigo Prieto (“O Irlandês”) admitiram buscar inspiração em portfólios de fotografia infravermelha para criar paletas de cores dissonantes. Em “Não! Não Olhe!”, por exemplo, as cenas noturnas foram tratadas com filtros IR para dar um ar de suspense e desconforto, enquanto em “Duna 2", desertos alienígenas ganharam tons azulados e texturas granuladas.
Essa troca entre fotografia e cinema não é acidental. Ambos os meios exploram a luz como linguagem narrativa, e a fotografia infravermelha oferece um vocabulário único — capaz de transformar o familiar em alienígena e o ordinário em extraordinário.
O futuro da fotografia está além do que podemos ver
Os vencedores do “Life in Another Light” 2024 nos lembram que a arte está sempre em evolução, desafiando limites técnicos e perceptivos. A fotografia infravermelha não é apenas um nicho experimental; é uma janela para realidades alternativas, onde a criatividade e a ciência se entrelaçam.
À medida que mais artistas e cineastas adotam essa técnica, podemos esperar uma transformação na maneira como consumimos imagens — tanto em galerias quanto no streaming.
Que tal pegar sua câmera, ajustar os filtros e explorar o mundo em outra luz?
Fonte: Kolari