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Shopify Implementa regra de contratação baseada em Inteligência Artificial

Nova política da exige que a IA seja considerada antes de novas contratações

11/04/2025, 22:35

Tobias Lütke, CEO da Shopify
Tobias Lütke, CEO da Shopify
Tobias Lütke, CEO da Shopify

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A decisão do CEO da Shopify de condicionar novas contratações à impossibilidade de a inteligência artificial realizar o trabalho marca uma mudança fundamental nas práticas empresariais. Tobi Lütke não apenas transformou a política de recursos humanos da empresa, mas também estabeleceu um novo paradigma para a integração da IA na cultura organizacional, exigindo proficiência tecnológica de todos os colaboradores e incorporando essa habilidade nas avaliações de desempenho.

A IA no ambiente corporativo está rapidamente deixando de ser uma opção para se tornar uma exigência. Em um memorando interno que se tornou público, Tobi Lütke, CEO da Shopify, anunciou uma mudança que pode definir o futuro das contratações no mundo empresarial: nenhum novo profissional será contratado sem antes comprovar que a inteligência artificial não consegue realizar aquela função. Esta decisão representa mais que uma simples mudança nas práticas de recrutamento – é um sinal claro de como as empresas estão transformando fundamentalmente sua abordagem em relação à força de trabalho na era digital.


A nova diretriz que está transformando a Shopify

Lütke deixou claro que a adoção da inteligência artificial não se limita a departamentos técnicos. A empresa de e-commerce estabeleceu que a proficiência em IA agora é obrigatória para todos os colaboradores, independentemente de sua função.



"Usar IA de forma eficaz agora é uma expectativa fundamental para todos na Shopify." Evidencia Lütke.



O memorando estabelece quatro pontos principais que moldarão o futuro da empresa:

  1. Proficiência em IA como requisito básico: Todos os funcionários precisam usar a tecnologia de forma eficaz, representando uma mudança cultural significativa.

  2. Justificativa para não usar IA: Antes de solicitar recursos adicionais, funcionários devem provar por que a IA não pode ser utilizada para solucionar o problema.

  3. Integração da IA no desenvolvimento de produtos: A inteligência artificial deve fazer parte das fases iniciais de todos os projetos, acelerando o aprendizado e a colaboração entre equipes.

  4. Avaliação de desempenho baseada em IA: A Shopify incluirá o uso da tecnologia nos critérios de avaliação e nas revisões entre colegas, tornando sua adoção parte do sistema de recompensas da empresa.


Contratações condicionadas à limitação da inteligência artificial

O aspecto mais polêmico da nova política é o condicionamento de novas contratações. Lütke foi direto ao afirmar que, antes de contratar mais pessoas, os gestores precisam demonstrar por que não conseguem alcançar seus objetivos com o uso da IA. Esta abordagem transforma completamente o processo tradicional de crescimento das equipes.



"Antes de pedir mais pessoas ou recursos, as equipes devem demonstrar por que não conseguem alcançar seus objetivos com o uso de inteligência artificial", escreveu o CEO. Ele incentiva os funcionários a perguntarem: "Como seria essa área se agentes autônomos de IA já fizessem parte do time?".



Para Lütke, essa mudança não se trata apenas de cortar custos, mas de estimular projetos mais criativos que aproveitem melhor as capacidades das ferramentas atuais. A fase de prototipagem, por exemplo, deve obrigatoriamente envolver exploração com IA, reduzindo o tempo para transformar ideias em produtos testáveis.


O multiplicador de produtividade que está transformando o trabalho

O CEO da Shopify enxerga a IA como um "multiplicador" de produtividade para quem a incorpora em suas rotinas. Segundo ele, a tecnologia representa a "mudança mais veloz na forma de trabalhar" que testemunhou em toda sua carreira. 



"O que precisamos para ter sucesso é a soma das nossas habilidades e ambição multiplicada pela IA, em benefício dos nossos clientes", afirmou Lütke.


Ele destaca que muitos colaboradores têm conseguido realizar tarefas complexas com ajuda da IA, alcançando resultados que antes pareciam inviáveis.

A Shopify não está sozinha nesta jornada. A empresa já implementou ferramentas como o Sidekick, um chatbot, e o "Shopify Magic", um conjunto de ferramentas de automação para apoiar seus clientes e colaboradores.


Outras empresas seguindo o mesmo caminho

O movimento da Shopify não é isolado. Outros líderes empresariais estão adotando diretrizes semelhantes, ainda que menos divulgadas:

  • Jon Moeller, CEO da Procter & Gamble, defende uma visão pragmática da IA em todas as áreas da empresa, descrevendo-a como "um multiplicador de força para crescimento e produtividade".

  • Jane Fraser, CEO do Citigroup, fez da IA um pilar central da estratégia de modernização de US$ 12 bilhões do banco, utilizando ferramentas de IA generativa para geração de código e limpeza de dados.

  • Chip Bergh, CEO da Levi Strauss & Co., integrou a IA para aprimorar previsões de demanda, otimizar estoques e melhorar a agilidade da cadeia de suprimentos.


Impacto nas práticas de contratação e na cultura organizacional

A decisão da Shopify tem implicações profundas para o mercado de trabalho. A empresa já passou por reestruturações significativas nos últimos anos, reduzindo seu quadro total de funcionários para 8.100 no final de dezembro de 2024, contra 8.300 no ano anterior. Em 2022, eliminou 14% de sua força de trabalho e outros 20% no ano seguinte.

CFO da Shopify, indicou que a empresa pode "manter o quadro de funcionários relativamente estável", embora os custos possam variar devido a diferenças salariais, especialmente quando se trata de "um engenheiro de IA de alto nível e alta remuneração".


O futuro do trabalho humano na era da automação

A medida da Shopify levanta questões fundamentais sobre o futuro do trabalho na era da automação e da inteligência artificia. Lütke afirma que não adotar a IA agora levará à estagnação e ao declínio, enfatizando que os colaboradores precisam continuar aprendendo ou correrão o risco de retroceder.

"Estagnação é fracasso em câmera lenta. Se você não está subindo, está escorregando", alertou o CEO. Para ele, a inteligência artificial já deixou de ser um experimento para se tornar uma expectativa, e as empresas que prosperarão são aquelas cujos líderes entendem a IA como parte central de seu modelo operacional.

Paul Baier, CEO da GAI Insights, empresa especializada em inteligência artificial generativa, resume o cenário atual: "CEOs devem aprender a liderar organizações com mil colaboradores empoderados por 5 mil assistentes de IA".


Como se preparar para essa transformação

O que podemos aprender com a estratégia da Shopify? A liderança na era da IA exige algumas mudanças fundamentais:

  1. Tornar o uso obrigatório, não apenas opcional: Como fez Lütke, líderes devem deixar claro que usar IA não é uma escolha, mas uma expectativa básica.

  2. Vincular a IA a resultados concretos: A tecnologia deve ser aplicada onde pode acelerar objetivos centrais: onboarding mais rápido, melhores previsões e experiências mais responsivas para clientes.

  3. Formalizar a responsabilização: Incluir a proficiência em IA nas métricas de desempenho reforça que não se trata apenas de uma habilidade técnica, mas de uma postura profissional.

  4. Projetar para escalar: É preciso ir além de projetos-piloto, definindo padrões de uso e estratégias que possam ser implementados em toda a empresa.

  5. Liderar pelo exemplo: Os CEOs devem usar IA em seu próprio trabalho e falar abertamente sobre isso, demonstrando o valor da tecnologia para toda a organização.


Uma tendência irreversível no mundo corporativo

O mercado de trabalho caminha rapidamente para uma era em que empresas líderes funcionarão como organizações autônomas – abastecidas por dados, orquestradas por IA e altamente automatizadas. Como observado na implementação da Shopify, o caminho para esse futuro não depende necessariamente de plataformas caras ou grandes mudanças no quadro de funcionários, mas de uma cultura organizacional que integra a IA em todos os níveis.

A pergunta que todo líder deve se fazer hoje não é se deve adotar a inteligência artificial, mas como integrá-la efetivamente em sua estratégia de negócios. Como disse Lütke: "adapte-se ou fique para trás". No novo cenário corporativo, a IA deixou de ser diferencial competitivo para se tornar requisito básico de sobrevivência.

Fonte: CNBC

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