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Nova companhia aérea brasileira pode operar em 2026
Fusão entre Azul e Gol pode transformar o mercado aéreo no Brasil, com operações previstas para 2026.
16/01/2025, 16:30
As duas maiores companhias aéreas do Brasil, Azul e Gol, estão em negociações avançadas para uma fusão que pode resultar na criação de uma gigante do setor aéreo nacional, com operações previstas para iniciar já em 2026.
Memorando de entendimento e estrutura da fusão
Em 15 de janeiro de 2025, a Azul e o Abra Group, controlador da Gol, assinaram um memorando de entendimento não vinculante para explorar a combinação de seus negócios no Brasil. O acordo prevê que ambas as empresas mantenham suas marcas e operações separadas, mas sob uma única entidade listada. A governança da nova companhia incluirá um conselho com nove membros: três indicados pela Azul, três pelo Abra Group e três independentes. O CEO será indicado pela Azul, enquanto o presidente do conselho será escolhido pelo Abra Group.
Impacto no mercado brasileiro de aviação
A fusão entre Azul e Gol resultaria em uma empresa que detém aproximadamente 60% do mercado doméstico brasileiro, superando a participação da Latam Airlines, que atualmente possui cerca de 40%. Essa consolidação pode levar a uma maior eficiência operacional e ampliar a conectividade entre destinos regionais e principais centros urbanos.
“O setor aéreo brasileiro enfrenta desafios significativos, incluindo a volatilidade cambial, altos custos de combustível e recuperação lenta após a pandemia de COVID-19.”
Sinergias e benefícios esperados
John Rodgerson, CEO da Azul, destacou que a união das companhias permitirá reduzir custos de capital e fortalecer a indústria de aviação no Brasil. O complemento das rotas, com apenas 10% de sobreposição, é vista como um fator positivo para a aprovação regulatória. Além disso, a combinação das frotas, a Azul opera aeronaves da Embraer e Airbus, enquanto a Gol utiliza exclusivamente Boeing 737, pode proporcionar vantagens nas negociações com fornecedores e arrendadores.

Imagem: John Rodgerson, CEO da Azul
Desafios e aprovações necessárias
A concretização da fusão depende da conclusão do processo de recuperação judicial da Gol nos Estados Unidos, prevista para abril de 2025, e da aprovação dos órgãos regulatórios brasileiros, incluindo o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Especialistas apontam que a concentração de mercado resultante pode levantar preocupações antitruste, especialmente em rotas onde a nova empresa seria a única operadora.
Cenário econômico e setor de aviação no Brasil
O setor aéreo brasileiro enfrenta desafios significativos, incluindo a volatilidade cambial, altos custos de combustível e recuperação lenta após a pandemia de COVID-19. Em 2024, o governo brasileiro anunciou planos para estabelecer uma linha de crédito de R$ 4 bilhões para apoiar companhias aéreas em dificuldades, visando fortalecer a indústria nacional.
Perspectivas para passageiros e concorrência
A fusão pode trazer benefícios aos passageiros, como maior oferta de voos e destinos, além de programas de fidelidade mais robustos. No entanto, a redução da concorrência levanta preocupações sobre possíveis aumentos nas tarifas aéreas. Atualmente, as passagens no Brasil atingiram o nível mais alto em 14 anos, com um aumento de mais de 80% em apenas quatro meses. A aprovação regulatória deverá considerar esses fatores para equilibrar os interesses dos consumidores e do mercado.
Comparações internacionais
A consolidação no setor aéreo não é exclusiva do Brasil. Países como Alemanha e Reino Unido possuem companhias aéreas dominantes, como Lufthansa e IAG, respectivamente, que detêm participações significativas em seus mercados domésticos. Esses exemplos podem servir de referência para as autoridades brasileiras na avaliação da fusão entre Azul e Gol.
No entanto, é crucial que as autoridades regulatórias avaliem cuidadosamente os impactos na concorrência e nos preços das passagens para garantir um equilíbrio justo entre os interesses econômicos e os direitos dos consumidores.
Fonte: Uol