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Figma avança para o IPO
Plataforma de design colaborativo avança para a bolsa em meio à turbulência econômica
18/04/2025, 13:45
Ousadia em tempos incertos
No cenário atual, a Figma deu um passo decisivo ao protocolar, de forma confidencial, seu pedido de oferta pública inicial (IPO) junto à Securities and Exchange Commission (SEC) dos Estados Unidos. Em meio a tensões comerciais, oscilações na bolsa e o recente fracasso de uma aquisição bilionária, a Figma, referência em design colaborativo, decidiu dar um passo ousado: abrir seu capital e se lançar na bolsa de valores dos Estados Unidos.
O Figma chama atenção não apenas pelo momento em que ocorre, mas pelo impacto que a plataforma já causou no universo do design digital. Iniciando em 2012 por Dylan Field e Evan Wallace, a Figma nasceu da ideia de criar uma ferramenta de design acessível, colaborativa e totalmente baseada na web. Após três anos de desenvolvimento intenso, a primeira versão da ferramenta foi lançada em 2015, tornando-se gratuita para qualquer pessoa experimentar. O lançamento público oficial, porém, aconteceu em 27 de setembro de 2016, marcando o início da expansão global do Figma.
A plataforma rapidamente conquistou equipes de design ao redor do mundo, oferecendo recursos de colaboração em tempo real, prototipagem e integração com fluxos de trabalho modernos. Empresas como Google, Uber, Spotify e até mesmo a rival Adobe utilizam o Figma para criar e testar produtos digitais.
O novo rumo para o Figma
Em setembro de 2022, a Figma esteve prestes a ser adquirida pela Adobe por cerca de US$ 20 bilhões, em um dos maiores acordos já anunciados no setor de software. No entanto, órgãos reguladores do Reino Unido e da União Europeia barraram a negociação, temendo concentração de mercado e prejuízo à inovação. Com isso, a Adobe pagou uma multa de US$ 1 bilhão à Figma, e a startup precisou repensar sua estratégia de crescimento.
O fim do acordo, longe de significar um retrocesso, abriu caminho para que a Figma buscasse sua independência financeira e apostasse em um IPO, mesmo diante de um cenário econômico desafiador.
O cenário econômico
A decisão de avançar com o IPO acontece em um momento de grande volatilidade no mercado. As recentes políticas tarifárias do governo Trump, que impuseram taxas elevadas sobre produtos chineses e impactaram diretamente o setor de tecnologia, criaram um ambiente de incerteza para novas aberturas de capital. Empresas como Klarna, StubHub e Chime adiaram seus IPOs, aguardando uma melhora no clima econômico.
Ainda assim, a Figma optou por seguir em frente, apresentando um pedido confidencial à SEC (Securities and Exchange Commission) em abril de 2025. O processo, que normalmente leva entre quatro e seis semanas após a aceitação dos documentos, pode se estender caso a empresa opte por aguardar uma janela mais favorável.
Por que a Figma acredita no sucesso do IPO?
Mesmo diante das incertezas, a Figma conta com diferenciais importantes:
Modelo de negócios robusto: A empresa é uma das poucas startups de tecnologia que já opera com fluxo de caixa positivo.
Inovação constante: Recentemente, a Figma ampliou sua plataforma com recursos de inteligência artificial e colaboração ampliada, acompanhando as tendências do setor.
Base de clientes global: Com cerca de 85% dos usuários fora dos Estados Unidos e clientes de peso em diversos setores, a Figma se consolidou como referência mundial em design colaborativo.
Valorização consistente: Em 2024, a empresa foi avaliada em US$ 12,5 bilhões após uma oferta secundária de ações, mostrando a confiança do mercado em seu potencial de crescimento.
O que esperar do futuro?
O sucesso do IPO dependerá não só da força da empresa, mas também da evolução do cenário macroeconômico global. A volatilidade causada pelas políticas comerciais e a cautela dos investidores podem influenciar o valor final das ações e o apetite do mercado por novas ofertas públicas.
Por outro lado, a solidez do modelo de negócios da Figma, aliada à sua capacidade de adaptação e inovação, pode torná-la um destaque em meio à retração de outras empresas do setor. O IPO pode representar não apenas um novo capítulo para a Figma, mas também um sinal de confiança na retomada do mercado de tecnologia.
A trajetória da Figma, de startup visionária a protagonista global do design digital, é um exemplo de resiliência e ousadia. Ao decidir abrir seu capital em um dos momentos mais desafiadores para o setor de tecnologia, a empresa demonstra confiança em sua missão e no valor que entrega a milhões de profissionais ao redor do mundo.
Para quem acompanha o mercado de tecnologia, o IPO é mais do que uma simples abertura de capital: é um símbolo de que, mesmo diante da incerteza, a inovação e a colaboração ainda podem abrir novos caminhos e inspirar transformações.
Fonte: Neo Feed