Aos 89 anos, Don Norman não só desafia a ideia de aposentadoria, mas também continua a moldar o futuro do design. Cofundador do Nielsen Norman Group e figura crucial na Apple dos anos 90, ele é a prova de que paixão e propósito não têm data de validade.

O Nascimento da User Experience

Don Norman, aos 89 anos, revela em entrevista em uma escola para Design Leaders de Londres, como sua trajetória na Apple revolucionou o design. Na década de 90, mas seu legado maior foi cunhar o termo "User Experience".  

Na época, a Apple enfrentava desafios internos: equipes de design, engenharia e marketing trabalhavam em silos. Norman percebeu que o sucesso de um produto não dependia apenas da funcionalidade, mas de como as pessoas se sentiam ao usá-lo. "Steve Jobs entendia que design não era estética, era emoção", relembra.  

Por Que User Experience virou um marco? 

Antes da Apple, o foco era em especificações técnicas. Norman defendia que um produto precisava ser:  

• Intuitivo: Qualquer pessoa deveria usálo sem manuais.  

• Empático: Resolver problemas reais, não apenas técnicos.  

• Memorável: Criar uma conexão emocional.  

Essa filosofia ajudou a Apple a lançar ícones como o iMac, que combinava cores vibrantes e simplicidade. "Não inventamos nada novo", diz Norman. "Apenas colocamos o ser humano no centro das decisões."  

A crise da educação e o papel do Design 

Don Norman é crítico do sistema educacional atual. "Ensinamos ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM), mas esquecemos das habilidades humanas", afirma. Para ele, designers precisam ser líderes interdisciplinares:  

"Um bom designer entende de psicologia, sociologia e negócios. Não adianta criar uma cadeira ergonômica se ninguém quer sentar nela."  

Seu conselho para jovens? Pergunte "por quê?" antes de "como?". Por exemplo, em vez de desenvolver um app para produtividade, questione: Por que as pessoas se sentem sobrecarregadas?  

Salvar o mundo não é opcional  

Aos 89 anos, Norman está se dedicando a projetos que unem design e sustentabilidade. Em seu recente livro, "Design for a Better World", ele argumenta que produtos precisam ser:  

• Circulares: Feitos para durar e serem reciclados.  

• Sistêmicos: Pensar em cadeias de produção, não apenas no objeto.  

• Inclusivos: Servir a todos, não apenas a nichos.  

Um exemplo? Lâmpadas LED que economizam energia são úteis, mas o verdadeiro impacto está em redesenhar cidades inteiras para reduzir consumo. "Não somos donos do planeta; somos inquilinos", reforça.  

O que faz um líder realmente? 

Ele define o papel de um Chief Design Officer (CDO) como "o tradutor entre pessoas, negócios e tecnologia". Em empresas como Apple ou Samsung, o CDO precisa:

1. Criar uma visão clara: Alinhar equipes dispersas.  

2. Proteger a inovação: Evitar que prazos curtos matem ideias ousadas.  

3. Medir o intangível: Como quantificar emoção ou satisfação?  

Para aspirantes a cargos executivos, ele dá um conselho simples: "Aprenda a ouvir. Grandes líderes não falam; facilitam conversas."  

Inteligência Artificial é uma ameaça ou oportunidade?

"A IA fará o trabalho repetitivo, liberando designers para o que importa: criar significado", explica. Ele vê oportunidades em:

• Personalização em massa: Produtos adaptados a necessidades individuais.  

• Simulações realistas: Testar designs em ambientes virtuais antes de produzir.  

• Democratização: Ferramentas de IA permitem que não designers participem do processo.  

Mas alerta: "Tecnologia sem ética é perigosa. Precisamos de regulamentos antes que problemas surjam."  

Assista à entrevista completa e entenda mais sobre o Design Leadership, a evolução da experiência do usuário e uma visão única para o futuro do design

A prova que idade é irrelevante ao ter curiosidade e coragem para mudar. Suas lições são um chamado para:  

• Colocar pessoas no centro: UX não é sobre pixels; é sobre histórias.  

• Pensar grande: Design pode (e deve) resolver crises globais.  

• Liderar com humildade: Ouvir mais, impor menos.  

Se você está começando no design ou já é um líder experiente, sua missão é clara: crie não para o mundo de hoje, mas para o que ele pode se tornar.